Resumo:Este artigo desenvolve uma análise sobre rock, juventude e a
produção cultural nas décadas de 1950 e 1960, tendo por base algumas obras que
são fundamentais para o entendimento do tema neste período. A relação entre
rock e juventude pode ser um bom ponto de partida para entendermos não só a
produção cultural de uma época, mas também a mentalidade de uma determinada
sociedade, principalmente a juventude da década de 50 e 60 e seu estilo de
vida, pois o rock em sua origem esteve fortemente ligado à juventude
norte-americana. Desta forma, torna-se importante entender a origem e a
formação do rock na sociedade norte americana e sua relação com a juventude.
Palavras-chave: rock, sociedade, juventude,
produção cultural.

É
neste contexto dos anos 50, que o senador do partido democrata Joseph McCarthy,
denunciava a presença de 205 comunistas no departamento de estado
norte-americano, sob o slogan “antes morto do que comunista”, onde este senador
promoveu uma verdadeira “inquisição”, levando pânico a todos os setores da vida
norte-americana. O desempenho da economia americana possibilitou desde meados
dos anos 40, a
elaboração e a difusão de uma cultura de consumo para uma classe média urbana e
branca. Com o país perto do pleno emprego e com uma economia voltada para o
apoio material aos seus aliados da Segunda Guerra Mundial, milhões de
norte-americanos se viram livres da condição de subsistência em que se encontravam
na crise de 29, ou seja, a economia americana vive um momento de euforia, onde
grande parte da população pode consumir os novos produtos idealizados pelo
capitalismo.
Desta
forma, terminado o conflito, restava aos fabricantes e as agências de publicidade
encorajar os cidadãos a consumir cada vez mais, para que a economia do país não
deixasse de crescer. Para Brandão e Duarte (1990), o consumismo era o melhor
antídoto contra o comunismo, servindo até mesmo como propaganda e mostrando ao mundo toda a abundância
e superioridade material do povo norte americano fato este que faz da juventude
o seu principal consumidor.
O
nosso ponto de partida para desenvolver este trabalho é a sociedade norte
americana, onde o rock irá emergir como estilo musical em meados dos anos 50 e
que vai se desenvolver na década seguinte abrindo espaço para outras
manifestações culturais, assim, nossa análise parte de uma compreensão do rock
como estilo musical e que neste primeiro momento esteve fortemente ligado à juventude
e que este estilo musical passou a ser vinculado à outros meios tecnológicos de
comunicação, como o cinema, o rádio, a televisão, revistas, jornais, com o
objetivo além de divulgar, vender esse produto que passou a ser um forte aliado
da economia dos Estados Unidos.

Em
meados dos anos 50 já existiam diversos outros estilos musicais nos Estados
Unidos, onde o rock irá surgir da junção de alguns desses ritmos musicais como
é apontado por Chacon (2001). O rock emergiu nos Estados Unidos da fusão de
três ritmos musicais. O primeiro deles e o de maior influência para o rock foi
o rhythm blues, musica produzida por negros como forma de protesto. O segundo
foi a pop music, que representava a vertente branca e conservadora da música. O
terceiro ritmo foi o country ligado aos pequenos camponeses norte americanos,
que apresentavam seu sofrimento através da música.
É
a partir desse contexto que surgiram os primeiros nomes do rock, como: Seguindo
as ideias de Muggiati (1984), Bill Halley, Litle Richard, Chuck Berry e Elvis
Presley, sendo que com este último o rock adquire seu status de mercadoria, seu consumo passa a ser disseminado após
a classe média ter assimilado o estilo. Neste sentido que as produções culturais,
principalmente a música tem seu consumo difundido, onde temos agora um modo de
vida específico, que é o “american way of life”, ou seja, o estilo de vida norte
americano, onde essa cultura passa a ser mercantilizada não só nos Estados
Unidos, mas também em outros países como é o caso do Brasil nos anos 60 e a
formação de um mercado de bens culturais que começa a se formar a partir da
organização do Estado Militar, como é analisado por Ortiz (1994).
E
o que de fato acontece do ponto de vista estritamente musical em relação ao
rock enquanto estilo musical? Na primeira geração do rock americano, vai haver
um encontro das duas grandes correntes populares deste país: a branca e a negra
Desta
forma, observa Muggiati (1984), que seus vários estilos incluíam o velho blues
rural, o rhythm e blues urbano, o country que era uma música das zonas rurais
produzida por brancos, o western, que era um tipo de música de vaqueiros do
oeste do país e a tradição folclórica tanto negra que chamamos de work songs.
Elvis Presley, principal representante do rock na sua primeira geração, juntou
o rhythm e blues ao country e western e Chuck Berry, o blues e o country e
assim o resultado foi chamado de rock’n’roll.
Com
isso podemos observar como foram os primeiros anos do rock nos Estados Unidos
que posteriormente irá imergir em várias outras regiões do mundo, como é o caso
da Europa na década de 60, que será um dos grandes centros do novo estilo
musical. Quem irá chamar esse novo estilo musical de rock’n’roll será um disc
jóquei branco, que posteriormente ficará conhecido na história do rock como
sendo o “pai do rock’n’roll, apesar de não ser um músico ou compositor de rock.
Nos
anos 60 rock consegue sua expansão para outros países, e a Inglaterra é onde
irão surgir vários grupos de rock e que estavam fortemente influenciados pelaprimeira geração do rock americano,
um produto voltado para o consumo e que já estava sendo produzido e difundido
desde meados dos anos 50. Muggiati (1985) defende que a década de 60 começara
em meio a uma intensa movimentação e a política saíra às ruas para protestar
contra a corrida armamentista nuclear.
O
Rock esteve fortemente ligado a juventude americana e que posteriormente este
estilo musical vai surgir em outros países bem como a sua ligação com a
juventude.
Quando finalmente toda aquela música made in USA
chegou embalada rock’n’roll, rhythm e blues, calipso, dôo-wop, rockabilly,
country rock, motown, etc, a juventude inglesa já estava embarcando na grande
aventura dos grupos musicais, para formar o som que depois ficaria conhecido
como simplesmente rock. (Muggiati, 1985, p. 72).
A
partir daí podemos perceber que o rock inglês passa a formar suas próprias
bandas, e seus primeiros grupos começam aparecer, grupos como Beatles e Rolling
Stones, começam a produzir músicas com o mesmo objetivo do rock americano, isto
quer dizer, música para o consumo das diversas classes sociais, principalmente
a juventude.
Apesar da divergência entre a visão de mundo dos
adultos e a dos jovens, estes com seu sistema de valores próprios, só acabaram
se manifestando mais declaradamente a partir dos anos 50, quando surgiu a
chamada “cultura da juventude” dentro e fora dos Estados Unidos, reflexo da
expansão do capitalismo em busca de novos mercados consumidores (Brandão &
Duarte, 1990, p. 06).
É neste mesmo contexto dos anos 60
que surgem nos Estados Unidos e na Europa os primeiros movimentos de
contracultura, que são movimentos sociais de juventude que tinham como objetivo
contestar os valores da sociedade vigente e ao mesmo tempo rompê-los, dentre
estes movimentos, podemos citar: o movimento hippie, que buscava produzir algo
diferente em relação a cultura oficial, temos também alguns festivais de
música, principalmente de música que estava voltada para a juventude, pois o
rock estava voltado principalmente para o consumo da juventude.
Ao
longo deste artigo, buscamos de forma inicial, desenvolver uma análise sobre o
rock, sua ligação com a juventude e a produção cultural que estava sendo
difundida pela indústria cultural que tinha nos Estados Unidos seu grande
produtor e difusor de uma cultura de massa ligada à juventude norte americana e
posteriormente na Inglaterra e que a partir daí passa a se expandir para os
países de capitalismo subordinado, ou seja, trata-se de um momento importante
de domínio e expansão não só da cultura, mas do capitalismo enquanto modo de
produção de mercadorias em geral, mas neste caso específico as mercadorias
culturais.
Referências Bibliográficas.
BRANDÃO,
Antônio Carlos & DUARTE, Milton Fernandes. Movimentos culturais de juventude. São Paulo, Moderna, 1990.
CHACON,
Paulo. O Que é rock. São Paulo,
Brasiliense, 2001.
MUGGIATI,
Roberto. Rock, de Elvis a beatlemania
(1954-1966). São Paulo, Brasiliense, 1985.
MUGGIATI,
Roberto. Rock o grito e o mito.
Petrópolis, Vozes, 1983.
ORTIZ,
Renato. A Moderna tradição brasileira: cultura
brasileira e indústria cultural. São Paulo, Brasiliense, 1994.
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