Fascista e genocida não são apenas os 

imperialistas, mas aqueles que continuam a 

matar milhões de pessoas com seu silêncio. 


Mais informações »

Capitalismo

Sob o jugo do maldito sistema capitalista,      
Senhor absoluto desse mundo "civilizado",
A humanidade surda, muda e cega,
São maquinizadas, mecanizadas e coisificadas.

Todos se desintegra  pelo relógio,
Os homens perdem sua vida,
Perde seu tempo,
Si perdem no tempo.

Max Weber diz-Tempo é dinheiro,
-Tempo vale ouro!
Horror; o homem do dinheiro
Fez seu deus supremo.

E agora quem salvara os desesperados,
Esquecidos, humilhados, explorados
E os perseguidos ?

É preciso juntar forças,
Usar a pouca lucidez que nos resta,
E lutarmos contra o inimigo,
Esse mostro desumano
Destruidor de  tudo,
E de todos.

Ou destruiremos esse velho e podre sistemas,
Ou eles nos destruirá.

                                                                                                       Grace Kelly.




Mais informações »

O poema das dores.....





Alma sofrida, oprimida a esqualatica miséria,
A grande falta de igualdade amarra tuas asas.
Rastejaste no chão, na lama da escassez
A miséria nua em plena praça
Enquanto a sociedade fausta, alienada e podre,
Fingi não lhe ouvi a voz.
Hipócritas, palhaços e falsos clericais,
Não conseguiram vestir a humanidade,
Com capas falsantes....Quanta ilusão!.
Prisioneiros das dúvidas crués,
Algemados dos pulsos até as ideias, 
E escravizado e acorrentado.
O Estado é teu carniceiro
Sufocam a vossa flor da liberdade
Na mais cruel covardia, enxergaste  a burguesia,
Seus crimes horrendos, sanguinários,
Sua cobiça, e hierarquia 
 Julgam ver-te como desgraçado, moribundo
Tu olhaste a perversões e opressões do inimigo burgues
Empunha raiva insana, ódio e rigidez 
Luta com todas as forças para acabar de uma vez:
Com o maligno câncer burgues.   


  • ...................................................................................................................Grace Kelly.........
Mais informações »

O discurso de Emile Henry: O "terrorista" .

Emile Henry, in A Gazeta dos tribunais, 27-8 abril,1894.

 O que vou dizer-lhes não é uma defesa. Não estou tentando escapar do castigo imposto pela sociedade que ataquei. Além do mais, só reconheço um tribunal capaz de julgar-me - eu próprio - e o veredicto de qualquer outro não tem nenhuma importância para mim. Desejo apenas dar-lhes uma explicação sobre os meus atos e dizer-lhes como fui levado a praticá-los. 

 Faz pouco tempo que me tornei um anarquista. Foi só na metade de 1891 que ingressei no movimento revolucionário. Até então, frequentava ambientes inteiramente imbuídos da moral vigente. Tinha sido educado para respeitar e até mesmo amar os conceitos de pátria, família, autoridade e propriedade. Pois a verdade é que os professores dessa geração moderna esquecem muitas vezes de uma coisa importante: que a vida, com suas lutas e derrotas, suas injustiças e iniquidades  se encarrega de abrir indiscretamente os olhos daqueles que ainda ignoram a realidade. Isso aconteceu comigo, assim como acontece como todo mundo. Disseram-me que a vida era fácil, que estava aberta a todas as pessoas inteligentes e cheias de entusiasmo; a experiência me ensinou que só os cínicos e os servis conseguiam bons lugares no banquete. Disseram-me que as instituições sociais baseavam- se na justiça e na igualdade; eu observava a minha volta e só via mentiras e falsidade. 

?Cada dia que passava me fazia perder as ilusões. Por onde quer que andasse, testemunhava sempre a mesma coisa: a miséria de alguns e as alegrias de outros. Não tardei a entender que as grandes palavras que haviam me ensinado a venerar - honra, dedicação, dever - eram apenas máscaras que escondiam a mais vergonhosa baixeza. O dono da fábrica, que amealhava uma fortuna colossal graças ao trabalho de operários que nada tinham, era um cavalheiro; os deputados e ministros, cujas mãos estavam sempre estendidas à espera do suborno, eram homens dedicados ao bem comum; o policial, que experimentava um novo tipo de rifle alvejando crianças de sete anos, cumprira seu dever e era cumprimentado publicamente no parlamento pelo presidente do conselho. Tudo isso me enojava e minha inteligência foi aos poucos atraída pelas críticas feitas à organização social vigente. essas críticas já foram tantas vezes repetidas que não vale a pena voltar a fazê-lo. Basta apenas dizer que logo me tornei um inimigo de uma sociedade que eu julgava criminosa. 

?Atraído, no início, pelo socialismo não tardei a afastar-me desse partido. Amo demais a liberdade, tenho demasiado respeito pela iniciativa privada e demasiada repulsa pela organização militar para que pudesse me tornar apenas mais um número no exército ordenado do quarto estado. Além disso, cedo que o socialismo não chegava a modificar a ordem estabelecida pois mantinha o conceito da autoridade - e seja qual for a idéia que os livres pensadores autodidatas possam ter a respeito - tal conceito representa a sobrevivência de uma crença antiquada num poder superior. 

?Estudos científicos me fizeram ir percebendo o papel que as forças naturais desempenham no universo. Tornei-me materialista e ateu: entendi que a moderna ciência rejeita a hipótese da existência de deus porque não precisa dele. Da mesma maneira, a moral religiosa e autoritária baseada em falsas premissas, também deveria desaparecer. Perguntava a mim mesmo como harmonizar essa nova moral com as leis da natureza, capazes de regenerar o velho mundo, para que fosse possível tornar a humanidade mais feliz. Foi nesse momento que entrei em contato com um grupo de camaradas anarquistas que ainda hoje considero entre os melhores que já conheci. O caráter desses homens me cativou de imediato. Percebi neles uma grande sinceridade, uma franqueza total, uma vigorosa desconfiança de todos os preconceitos e quis entender as idéias capazes de produzir homens tão diferentes daqueles que eu até então conhecera. 

?Essas idéias, tal como consegui entendê-las, encontraram em minha mente um solo totalmente preparado - graças a observações e reflexões pessoais - para recebê-las. Elas vieram apenas dar objetividade ao que já existia de forma vaga e indecisa. E, por minha vez, eu também me tornei um anarquista. 

?Não é necessário que eu desenvolva aqui toda a teoria dos anarquistas. Desejo apenas salientar seu lado revolucionário e os aspectos negativos e destrutivos que me trouxeram a sua presença. Neste momento de amargo e acirrado combate entre a classe média e seus inimigos, sou quase tentado a dizer, como Souvarine em Germinal: ?Todas as discussões sobre o futuro são criminosas, já que impedem a destruição pura e simples e retardam a marcha da revolução?. 

?Como contribuição pessoal à luta, eu trouxe um ódio profundo e renovado a cada dia pelo espetáculo dessa sociedade onde tudo é baixo, equívoco e feio; onde tudo serve de impedimento ao fluxo das paixões humanas, aos impulsos generosos do coração, ao vôo livre do pensamento. Desejava golpeá-la com tanta força e tanta justiça quanto fosse possível. 

?Comecemos com a primeira tentativa, a explosão na Rue des Carmaux. As primeiras notícias sobre a greve me encheram de alegria. Os mineiros pareciam enfim ter abandonado as inúteis greves pacíficas., nas quais o operário confiante espera pacientemente que seus poucos francos triunfem sobre os milhões da companhia. Pareciam ter finalmente escolhido o caminho da violência, que se manifestou decididamente no dia 15 de agosto de 1892. Os escritórios e prédios da mina foram invadidos por uma multidão de gente cansada de sofrer sem protestar; revoltados, os operários estavam prestes a justiçar o odiado engenheiro quando os mais medrosos decidiram interferir. 

?E quem eram esses homens? Os mesmos que fazem abortar todos os movimentos revolucionários porque temem que, uma vez livre, o povo não obedecerá mais ao seu comando. Os mesmos que convencem milhares de homens a suportar privações mês após mês para que , ao protestar contra essas privações, possam criar para si uma popularidade capaz de fazer com que se elejam. Tais homens - falo nos líderes socialistas assumiram de fato a liderança do movimento grevista. 

?Imediatamente surgiu na região, uma nuvem de cavalheiros loquazes que se colocavam inteiramente à disposição dos operários, para organizar listas para arrecadação de fundos, arranjar conferências e buscar em todos os lugares possíveis. Os mineiros entregaram a eles toda a organização do movimento e todos sabem o que aconteceu. 
A greve continuou, estendeu-se durante dias e os mineiros estabeleceram relações muito íntimas com a fome, que se tornou sua mais fiel companheira. Logo esgotaram a pequena reserva de fundos de seu próprio sindicato e das outras organizações que tinham vindo em seu auxílio, então, ao fim do segundo mês de greve, cabisbaixos e humilhados, voltaram aos poços da mina mais miseráveis do que nunca. Teria sido tão simples no começo atacar a companhia no seu único ponto sensível - o financeiro - queimando os estoques de carvão, destruindo as máquinas e as bombas de recalque das minas. Se tivessem feito isso, a companhia certamente não tardaria a capitular. Mas os grandes pontífices do socialismo não permitiram a utilização desses métodos por serem típicos do anarquismo. Ao lançar mão deles estamos arriscados a levar um tiro e até quem sabe, a receber uma daquelas balas que deram resultados tão miraculosos em Fourmies. Essa não é, certamente, a melhor maneira de ganhar um lugar na câmara municipal ou na assembléia legislativa. Em resuma, após uma interrupção momentânea, a ordem voltou a reinar em Carmaux, uma vez eliminados alguns problemas passageiros. Mais poderosa do que nunca, a Companhia continuou a explorar o povo, e os cavalheiros acionistas cumprimentaram-se pelo feliz desfecho da greve, sentindo um redobrado prazer ao receber seus dividendos. 

?Foi então que decidi introduzir naquele concerto de sons tão alegres uma voz que os burgueses já conheciam, mas que julgavam ter morrido em Ravaxhel: a voz da dinamite. Queria mostrar à burguesia que, partir daquele momento, seus prazeres já não seriam tão completos, que as vitórias insolentes seriam perturbadas, que o bezerro de ouro balançaria violentamente no pedestal até o golpe final, que o faria rolar em meio ao sangue e à imundice. Ao mesmo tempo, desejava fazer com que os mineiros entendessem que só há um tipo de homem capaz de se preocupar sinceramente com os seus sofrimentos e dispostos a vingá-los: os anarquistas. tais homens não ficam sentados no parlamento como o Sr Guesde e seus associados, mas, marcham até a guilhotina. 

?Assim, preparei uma bomba. Num certo momento, lembrei-me da acusação que havia sido feita em Ravachol. E as vítimas inocentes? Mas logo resolvi esse problema. Os edifícios onde a Companhia Carmoux mantinha seus escritórios eram habitados apenas por burgueses: não haveria, portanto, vítimas inocentes. Todos os burgueses vivem da exploração dos menos afortunados e justos e deveriam pagar pelo seu crime; Assim, foi com a mais absoluta confiança na legitimidade do meu ato que deixei a bomba diante da porta dos escritórios da Companhia. 
Já falei aqui sobre a minha esperança de que, caso fosse descoberta antes de explodir, minha bomba acabaria por detonar na delegacia, aonde aqueles que por acaso viessem a sofrer ferimentos também seriam inimigos. Tais foram os motivos que me levaram a cometer o primeiro atentado de que sou acusado. 

?Vejamos o segundo: o incidente no Café Terminus. Eu acabara de voltar a Paris na época do caso Vallant e fora testemunha da terrível repressão que se seguiu à explosão no Palácio Bourbon. Vi as medidas draconianas que o governo decidiu tomar contra os anarquistas. Havia espiões, buscas e prisões por toda parte. Um grupo de indivíduos detidos indiscriminadamente, arrancados de seus lares e jogados nas prisões. Ninguém se preocupou em saber o que aconteceria às suas esposas e filhos enquanto esses camaradas permanecessem confinados. O anarquista já não era mais considerado um ser humano, mas uma besta selvagem que devia ser caçada sem tréguas enquanto a imprensa burguesa, escrava da autoridade, exigia em altas vozes que todos eles fossem eliminados. Ao mesmo tempo, panfletos e papéis libertários eram confiscados e aboliu-se o direito de reunião. Pior do que isso: quando parecia aconselhável livrar-se de um camarada, um informante deixava no seu quarto um pacote que, segundo ele, continha tanino; no dia seguinte procedia-se a uma busca com um mandato datado do dia anterior e encontrava-se uma caixa com um pó suspeito. O camarada era então levado a julgamento e condenado a 3 anos de prisão. Se quiserem saber se o que digo é verdade, perguntem ao espião miserável que conseguiu penetrar na casa do camarada Merigeaud! 
Mas tais métodos eram válidos pois atacavam um inimigo que havia espalhado o medo, e todos aqueles que tinham tremido de pavor queriam agora demonstrar coragem. Como coroamento dessa cruzada contra os heréticos, ouvimos o Ministro do Interior, Sr. Reynal, declarar na Câmara dos Deputados que as medidas tomadas pelo governo tinham implantado o terror entre os anarquistas. Mas isso ainda não era suficiente: um homem que nunca havia matado ninguém foi condenado à morte. Era necessário mostrar bravura até o fim, e numa bela manhã ele foi guilhotinado. Mas, senhores da burguesia, ao fazer tais planos, vocês esqueceram do principal, prenderam centenas de homens e mulheres, violaram dezenas de lares, mas, fora dos muros da prisão, ainda restavam homens que vocês desconheciam e que observavam, escondidos nas sobras enquanto vocês caçavam anarquistas, esperando apenas o momento propício para que eles, por sua vez, pudessem caçar os caçadores. 

?As palavras de Reynal eram um desafio arremessado aos anarquistas. O desafio foi aceito. A bomba encontrada no Café Terminus é a resposta a todas as violações à liberdade, às prisões, às buscas, às leis contra a imprensa, às deportações em massa, às guilhotinas. Mas - perguntarão vocês - por que atacar os pacíficos clientes de um café que estavam apenas sentados ouvindo música e que, não eram nem juizes, nem deputados, nem burocratas? Por quê? É muito simples. Os burgueses não faziam distinções entre os anarquistas. Vailant, um homem que agia sozinho, jogou uma bomba; mais da metade de seus camaradas nem ao menos o conhecia mas isso não teve nenhuma importância; era uma perseguição em massa e qualquer pessoa que tivesse ligações com os anarquistas, por menor que fossem, deveria ser caçada. E já que vocês responsabilizam todo um partido pelas ações de um só homem e atacam indiscriminadamente, nós também atacaremos sem escolher as vítimas. Acham talvez que devêssemos atacar somente os deputados que fazem as leis contra nós, os juizes que aplicam essas leis, à polícia que nos prende? Não concordo. Tais homens são apenas instrumentos. Não agem em seu próprio nome. Suas funções foram criadas pela burguesia como uma forma de defesa. Não são mais culpados que qualquer um de vocês. Esses bons burgueses que não tem qualquer cargo público, mas que colhem seus dividendos e vivem ociosamente graças aos lucros obtidos com o trabalho árduo dos operários, eles também devem sofrer a sua quota de vingança! E não só eles, mas todos aqueles que concordam com a ordem vigente, que aplaudem os atos do governo e assim se tornam seus cúmplices; os funcionários que ganham três ou cinco mil francos por mês e que odeiam o povo com fúria ainda maior que a dos ricos, aquela massa estúpida e pretensiosa de gente que sempre escolhe o lado mais forte - em outras palavras, a clientela diária do Terminus e de outros grandes cafés! Foi por essa razão que ataquei ao acaso e não escolhi as minhas vítimas. 

?Devemos fazer com que a burguesia entenda que aqueles que sofrem estão enfim cansados de sofrer. Começam a mostrar os dentes e quando atacarem serão tanto mais brutais quanto tiver sido a brutalidade usada contra eles. Eles não têm nenhum respeito pela vida humana porque os próprios burgueses já demonstraram que não se preocupam com ela. Não cabe aos assassinos responsáveis por aquela semana sangrenta e por Fourmies considerar que os outros são os assassinos. 

?Não pouparemos as mulheres e crianças burguesas porque as mulheres e crianças daqueles que amamos também não foram poupadas. Não deveríamos incluir entre as vítimas inocentes, as crianças que morrem lentamente de anemia nos cortiços porque não há pão em suas casas? As mulheres que vão se tornando cada vez mais pálidas trabalhando nas fábricas, esfalfando-se para ganhar alguns tostões por dia e podendo se considerar felizes se a pobreza não as levar à prostituição? Ou os velhos que foram tratados como máquinas durante toda a vida e que agora são lançados ao monte de refugos nos asilos, quando já não têm mais forças para trabalhar? 

?Tenham ao menos a coragem de assumir seus crimes, cavalheiros da burguesia, e reconheçam que nossas represálias são totalmente válidas. É claro que não tenho ilusões. Sei que as massas ainda não estão preparadas para entender meus atos. Mesmo entre os operários pelos quais lutei, muitos ainda serão enganados pelos jornais e me condenarão como a um inimigo. Mas isso não importa. Não estou preocupado com o que os outros pensam de mim. nem ignoro o fato de que há muitos indivíduos que se dizem anarquistas mas que se apressam a negar solidariedade aos que pretendem difundir a ação. Eles procuram estabelecer uma diferença sutil entre os teóricos e os terroristas. 
Demasiadamente covardes para arriscar a própria vida, negam aqueles que têm essa coragem. Mas a influência que pretendem exercer sobre o movimento revolucionário é absolutamente nenhuma. Hoje o campo está aberto à ação, sem fraquezas ou desistências. 

?Certa vez Alexander Herzen, o revolucionário russo, disse: ?devemos escolher entre duas coisas: condenar e marchar para frente ou perdoar e dar meia volta no meio do caminho?. Não pretendermos nem perdoar, nem voltar atrás e marcharemos sempre para frente, avançando até que a revolução, objetivo final de todos os nossos esforços, finalmente aconteça para coroar nosso trabalho com a criação de um mundo livre. 

?Nessa guerra sem piedade que declaramos contra a burguesia, não queremos que ninguém tenha pena de nós. Matamos e sabemos suportar a morte. É portanto com indiferença que aguardo a sentença. Sei que minha cabeça não será a última que vocês cortarão: outras ainda irão rolar, porque os que morrem de fome começam a aprender os caminhos que levam aos cafés e aos restaurantes, aos Terminus e Foyots. Outros nomes serão acrescentados à lista sangrenta dos nossos mortos. Vocês podem ter enforcado em Chicago, decapitado na Alemanha, garroteado em Jerez, fuzilado em Barcelona, guilhotinado em Montbrison e Paris, mas nunca conseguirão acabar com o anarquismo. Suas raízes são demasiadamente profundas, ele nasceu no coração de uma sociedade que está apodrecendo e se desintegrando. Representa todas as aspirações libertárias e igualitárias que se levantam contra a autoridade. Está em toda parte, o que faz que seja impossível controlá-lo. Acabará por matá-los a todos!? 

Emile Henry, in A Gazeta dos tribunais, 27-8 abril,1894. 

O texto pode ser publicado em qualquer meio de comunicação, desde que para fins não-comerciais, que seja feita referência ao sítio de origem - www.anarquismo.org(centro de contrainformação e material anarquista), e que este parágrafo seja mantido.
Mais informações »

Émile Henry ..


 Na França, após o esmagamento da Comuna de Paris, em maio de 1871, e com a dissolução, no ano seguinte, da seção francesa da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) os revolucionários são fuzilados, condenados a trabalhos forçados  ou ao exílio. Os poucos que escaparam ao massacre foram empurrados pelo terror de Estado a diversos esconderijos. Anos mais tarde, alguns deles reagrupados na Suíça, entre 1879 e 1880, bradam pela abolição de toda forma de governo, a livre federação de
produtores e consumidores e abandonam o campo da legalidade para atuar em expropriações, ataques às autoridades e praticar atentados à bomba em locais frequentados pela burguesia.
Decididos por esta mudança de tática, os anarquistas associam a divulgação verbal e escrita à propaganda pela ação. Em 1881,  com a Internacional Negra, inicia-se o período conhecido como terror anarquista. Desde então, as receitas de bombas frequentam os jornais operários. 
Os anarco-terroristas afirmaram a propaganda pela ação como resposta ao terror do governo, aos atos de ilegalidade tolerados pela sociedade e praticados pela burguesia. Eles responderam com atentados individuais e atos isolados de vingança por companheiros condenados.O revide dos governos foi julgá-los em encenações preparadas para previsíveis sentenciamentos à morte. Nenhum anarcoterrorista negou seu ato ou clamou por perdão, ao contrário, reafirmou os motivos que o levou a praticá-lo. O início da retração do anarco-terrorismo na França aconteceu a partir de agosto de 1894, depois de um grande processo 

contra os anarquistas. Os atentados individuais não deixaram de acontecer até a ação direta assumir, gradualmente, a forma preponderante de greve geral.
Émile Henry, filho de um communard que fugiu para a Espanha,
foi um jovem diferenciado entre os anarco-terroristas. Era
um estudante da Escola Politécnica, poeta, e pronunciou um
dos mais contundentes discursos anticapitalistas diante de um
tribunal de justiça pronto a condená-lo. Eu, émile henry. resistências. apresenta um jovem anarquista  lançando uma bomba de inversão no Cafe Terminus, em 12 de fevereiro de 1894, na cidade de Paris. A aula-teatro divide-se em: “A bomba”, “O que me leva a jogar a bomba” e “Eu me recuso a ser governado”. O Nu-Sol pretende mostrar um efeito da Comuna de Paris, ocorrida entre março e maio de 1871, no jovem socialismo e, singularmente, em um jovem contestador. Estamos diante da presença do intempestivo na ação direta anarquista: atitude de fazer já.
 Eu, Émile Henry, resistências. mostra a prática pessoal anarcoterrorista como recusa diante da ilusão da utopia e da representação, na passagem do século XIX para o XX, e expõe o terrorismo de Estado.
O terrorismo de Estado, decorrente dos anos imediatos da Revolução Francesa, antecedeu todas as demais formas de terrorismos resistentes à dominação política. No século XX o terrorismo de Estado foi comum ao fascismo e ao socialismo. Os movimentos terroristas oscilaram entre disputas nacionalistas, complementos a regimes totalitários, combates a ditaduras militares e à dominação burguesa. O terrorismo financiado por Estados democráticos capitalistas durante a Guerra Fria, ressurgirá, no início do século XXI, como
terrorismo transterritorial.
Além disso, expõe os limites da esperada pacificação democrática planetária, quando os Estados burgueses democráticos somente se sustentam por meio de dispositivos do Estado de exceção. No mais, sob qualquer forma, miséria é miséria, miséria é propriedade, miséria é Estado, miséria é juízo, miséria é governo em mim.
A aula-teatro 9, que retoma nossa segunda aula-teatro, expõe a dor dos jovens ao descobrir as finalidades da soberania e da disciplina. Retomá-la, nesse momento, é uma das maneiras que o Nu-Sol encontrou para recolocar essa questão para os jovens de hoje. Qual a coragem e disposição para enfrentar e descobrir, hoje, as finalidades do controle?Lembrando os efeitos radicais da inventiva Comuna de Paris, o
Nu-Sol interessa-se por ativar e problematizar resistências.
Mais informações »

Trechos recolhidos de A ARTE DE AMAR, de Erich Fromm

O homem é dotado de razão; é a vida consciente de si mesma; tem, 
consciência de si, de: seus semelhantes, de seu passado e das 
possibilidades de seu futuro. Essa consciência de si mesmo como entidade 
separada, a consciência de seu próprio e curto período de vida, do fato de 
haver nascido sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua 
vontade, de ter de morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a 
consciência de sua solidão e separação, de sua impotência ante as forças 
da natureza e da sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e 
desunida uma prisão insuportável. Ele ficaria louco se não pudesse 
libertar-se de tal prisão e alcançar os homens, unir-se de uma forma ou de 
outra com eles, com o mundo exterior.
A mais profunda necessidade do homem, assim, é a necessidade de 
superar sua separação, de deixar a prisão em que está só. A falência absoluta 
em alcançar esse alvo significa loucura, porque o pânico do isolamento 
completo só pode ser ultrapassado por um afastamento do mundo exterior 
de tal modo radical que o sentimento da separação desapareça — porque o 
mundo exterior, de que se está separado, também desapareceu.
O homem — de todas as idades e culturas — vê-se diante da solução de 
uma só e mesma questão: a de como superar a separação, a de como realizar 
a união, a de como transcender a própria vida individual e encontrar 
sintonia.
Um meio de alcançar esse objetivo está em todas as espécies de estados 
orgíacos. Podem ter eles a forma de um transe auto-provocado, às vezes com 
a ajuda de drogas. Muitos ritos de tribos primitivas oferecem vivo quadro 
desse tipo de solução. Num estado transitório de exaltação, o mundo externo 
desaparece, e, com ele, o sentimento de estar dele separado. E como esses 
ritos são praticados em comum, acrescenta-se uma experiência de fusão com 
o grupo que dá a tal solução o máximo de eficiência. 
Estreitamente relacionada com essa solução orgíaca e muitas vezes mesclada a ela está a experiência sexual. O orgasmo sexual pode produzir 
um estado semelhante ao produzido por um transe, ou pelos efeitos de 
certas drogas. Ritos de orgias sexuais comunitárias faziam parte de muitos 
rituais primitivos. Parece que, depois da experiência orgíaca, o homem pode 
continuar por algum tempo sem sofrer demais com sua separação.
Vagarosamente, a tensão da ansiedade sobe, e é de novo reduzida pela 
realização repetida do rito.
Bem diferente é o caso quando a mesma solução é escolhida por um 
indivíduo em uma cultura que deixou para trás essas práticas comuns. O 
alcoolismo e o uso de drogas são as formas que o indivíduo escolhe numa 
cultura não orgíaca. Ao tentarem fugir da separação pelo refúgio no álcool e 
nos entorpecentes, sentem-se ainda mais separados depois que termina a 
experiência orgíaca, e assim são levados a recorrer a ela com frequência e 
intensidade aumentadas. 
Pouquíssimo diferente disso é o recurso a uma solução orgíaca sexual.
Mas, em muitos indivíduos em que a separação não é aliviada por outros
meios, a procura do orgasmo reveste-se de uma função que não a faz muito 
diferente do alcoolismo e do vício das drogas. Torna-se uma tentativa desesperada para fugir à ansiedade engendrada pela separação e resulta 
num sempre crescente sentimento de separação, visto como o ato sexual sem 
amor nunca lança uma ponte sobre o abismo entre dois seres humanos, 
senão momentaneamente.
Todas as formas de união orgíaca têm três características: são intensas, 
violentas até; ocorrem na personalidade total, no corpo e no espírito; são 
transitórias e periódicas. Exatamente o oposto é verdadeiro quanto àquela 
forma de união que é, em muito, a solução mais frequente escolhida pelo 
homem no presente e no passado: a união baseada na conformidade com o 
grupo, seus costumes, práticas e crenças.
A união com o grupo é o modo predominante de superar a separação. É 
uma união em que o ser individual desaparece em ampla escala, em que o 
alvo é pertencer ao rebanho. Se sou como todos os demais, se não tenho 
sentimentos ou pensamentos que me façam diferentes, se estou em conformidade com os costumes, ideias, vestes, padrões do grupo, estou salvo: salveime da terrível experiência da solidão.
É preciso haver uma resposta ao anseio de união e, se não houver outro 
meio melhor, então a união da conformidade no rebanho se torna a 
predominante. Só se pode compreender a força do medo de ser diferente, do 
medo de estar a poucos passo fora do rebanho, quando se compreendem as 
profundidades da necessideade de não ser separado.
A união pela conformidade não é intensa e violenta: é calma, ditada pela 
rotina e, por essa mesma razão, é muitas vezes insuficiente para apaziguar a 
ansiedade da separação. Sendo assim, o conformismo de rebanho tem apenas 
uma vantagem: é permanente e não espasmódico. O indivíduo é introduzido 
no padrão conformista com a idade de três ou quatro anos e daí por diante 
nunca perde o contato com o rebanho.
Vemos, assim, que a unidade conseguida na fusão orgíaca é transitória; 
a unidade alcançada pelo conformismo é apenas pseudo-unidade. Eis porque são todas, apenas, respostas parciais ao problema da existência. A 
resposta completa está na realização da unidade interpessoal, da fusão com 
outra pessoa; está no amor.
O desejo de fusão interpessoal é o mais poderoso anseio do homem. É a 
paixão mais fundamental, é a força que conserva juntos a raça humana, o clã, 
a família, a sociedade. O fracasso em realizá-la significa loucura ou 
destruição — auto-destruição ou destruição de outros. Sem amor, a 
humanidade não poderia existir um só dia. Contudo, se chamarmos "amor" a 
realização da união interpessoal, poderemos encontrar-nos em séria 
dificuldade. 
Para a maioria, a intimidade se estabelece antes de tudo pelo contato sexual. 
Desde que primeiramente se experimente a separatividade da outra pessoa como 
separatividade física, a união física significa a superação da separação. O amor 
erótico é, pois, o anseio de fusão completa, de união com outra pessoa. Mas é 
também, talvez, a mais enganosa forma de amor que existe. Por estar o desejo 
sexual emparelhado na mente de muitos com a ideia de amor, são eles 
com facilidade levados à má conclusão de que amam um ao outro 
quando se querem um ao outro fisicamente. 
O amor pode inspirar o desejo de união sexual: neste caso, falta à 
relação física a avidez, a vontade de conquistar ou ser conquistado, 
mas mistura-se nela a ternura. Se o desejo de união física não for estimuladopelo amor, se o amor erótico também não for amor fraterno, nunca levará à 
união mais do que num sentido orgíaco e transitório. A atração sexual cria, 
no momento, a ilusão de união, mas, sem amor, essa "união" deixa os 
estranhos tão afastados quanto antes se achavam; muitas vezes, faz com 
que se envergonhem um do outro, ou mesmo faz com que mutuamente 
se odeiem, pois, partida a ilusão, sentem sua estranheza ainda mais 
acentuadamente do que antes.
Já o amor amadurecido é união sob a condição de preservar a integridade 
própria, a própria individualidade. O amor é uma força ativa no homem; uma 
força que irrompe pelas paredes que separam o homem de seus semelhantes, 
que o une aos outros; o amor leva-o a superar o sentimento de isolamento e 
de separação, permitindo-lhe, porém, ser ele mesmo, reter sua integridade. 
No amor, ocorre o paradoxo de que dois seres sejam um e, contudo, 
permaneçam dois.
Por isso, o amor é uma atividade, e não um afeto passivo; é um 
"erguimento" e não uma "queda". De modo mais geral, o caráter ativo do 
amor pode ser descrito afirmando-se que o amor, antes de tudo, consiste em 
dar, e não em receber. Dar é a mais alta expressão da potência. No próprio 
ato de dar, ponho à prova minha força, minha riqueza, meu poder. Essa 
experiência de elevada vitalidade e potência enche-me de alegria. Provo me 
como superabundante, pródigo, cheio de vida e, portanto, como alegre. Dar 
é mais alegre do que receber, não por ser uma privação, mas porque, no ato 
de dar, encontra-se a expressão de minha vitalidade.
Não é difícil reconhecer a validez desse princípio aplicando-o a vários 
fenómenos específicos. O exemplo mais elementar está na esfera do sexo. A 
culminação da função sexual masculina reside no ato de dar; o homem se dá 
à mulher, dá-lhe seu órgão sexual. No momento do orgasmo, dá-lhe seu 
sémen. Não pode deixar de dar, se for potente. Se não pode dar, é impotente.
Quem é capaz de dar si é rico. Põe-se à prova como quem pode conceder de 
si aos outros.
Que dá uma pessoa a outra? Dá de si mesma, do que tem de mais 
precioso, dá de sua vida. Isto não quer necessariamente dizer que sacrifique 
sua vida por outrem, mas que lhe dê daquilo que em si tem de vivo; dê-lhe de 
sua alegria, de seu interesse, de sua compreensão, de seu conhecimento, de 
seu humor, de sua tristeza — de todas as expressões e manifestações daquilo 
que vive em si. 
Mas, ao dar,não pode deixar de levar alguma coisa à vida da outra 
pessoa, e isso que é levado à vida reflete-se de volta no doador; ao dar 
verdadeiramente, não pode deixar de receber o que lhe é dado de retorno. 
Dar implica fazer da outra pessoa também um doador e ambos 
compartilham da alegria de haver trazido algo à vida. No ato de dar, algo 
nasce, e ambas as pessoas envolvidas são gratas pela vida que para 
ambas nasceu.
Com relação especificamente ao amor, isso significa: o amor é uma 
força que produz amor; impotência é a incapacidade de produzir amor.
Este pensamento foi belamente expresso por Marx: "Imaginai — diz ele — o 
homem como homem e sua relação com o mundo como uma relação humana, e 
só podereis trocar amor por amor, confiança por confiança, etc. Se quiserdes 
gozar a arte, devereis ser uma pessoa de preparo artístico ; se quereis ter 
influência sobre outras pessoas, devereis ser uma pessoa que tenha sobre 
outras pessoas influência realmente estimuladora e promotora. Cada uma de 4
vossas relações com o homem e com a natureza deve ser uma expressão 
definida de vossa vida real, individual, correspondente ao objeto de vossa 
vontade. Se amais sem atrair amor, isto é, se vosso amor é tal que não produz 
amor, se através de uma expressão de vida como pessoa amante não fazeis de 
vós mesmo uma pessoa amada, então vosso amor é impotente, é um infortúnio."
Aliás, crê-se que o amor é constituído pelo objeto e não pela faculdade. 
Por não se ver que o amor é uma atividade, uma força da alma, acredita-se 
que tudo quanto é necessário encontrar é o objeto certo – e tudo o mais irá 
depois por si. Tal atitude pode ser comparada à de alguém que queira pintar 
mas, em vez de aprender a arte, proclama que lhe basta esperar pelo objeto 
certo, passando a pintá-lo belamente quando o encontrar. Mas, se 
verdadeiramente amo alguém, então amo a todos, amo o mundo, amo a 
vida. 
Quase não é necessário acentuar então o fato de que a capacidade de dar 
depende do desenvolvimento do caráter da pessoa. Pressupõe o alcance de 
uma orientação predominantemente produtiva; nessa orientação a pessoa 
superou a dependência, a onipotência narcisista, o desejo de explorar os 
outros, ou de amealhar, e adquiriu fé em seus próprios poderes humanos, 
coragem de confiar em suas forças para atingir seus alvos. No mesmo grau 
em que faltarem essas qualidades é ela temerosa de dar-se — e, portanto, 
de amar. A essência do amor é, pois, "trabalhar" por alguma coisa e "fazer 
alguma coisa crescer", que amor e trabalho são inseparáveis. Ama-se aquilo
por que se trabalha e trabalha-se por aquilo que se ama.
O amor só é possível se duas pessoas se comunicam mutuamente a 
partir do centro de suas existências e, portanto, se cada uma se experimenta 
a partir do centro de sua própria existência. Só nesta "experiência central" 
existe realidade humana, só aí há vivacidade, só ai está a base do amor. 
Assim experimentado, o amor é um desafio constante; não é um lugar de 
repouso, mas é mover-se, crescer, trabalhar juntamente; haja harmonia ou 
conflito, alegria ou tristeza, isso é secundário em relação ao fato 
fundamental de que duas pessoas se experimentam mutuamente a partir da 
essência de sua existência, que são uma com a outra por serem uma consigo 
mesmas, em vez de fugir de si mesmas. Só há uma prova da presença do 
amor: a profundidade da relação e a vivacidade e o vigor em cada pessoa 
envolvida; este é o fruto pelo qual o amor é reconhecido.
Mais informações »

Erich Fromm

Erich Fromm  formou-se em Psicologia e Sociologia na Universidade de Heidelberg, onde também se doutorou, completando sua formação na Universidade de Munique – Doutorado em Filosofia – e no Instituto Psicanalítico de Berlim, se especializando em Psicanálise. Nascido em Frankfurt, em 1900, emigrou para os Estados Unidos quando Hitler subiu ao poder, instituindo o Nazismo.Na América, Fromm desenvolveu amplamente sua carreira, sempre provocando polêmicas com sua linha de pensamento e sua terapêutica, que unia a Psicanálise com a teoria marxista, integrando fatores sócio-econômicos aos tradicionais mecanismos de tratamento das neuroses. Segundo o psicanalista, o homem é o produto de princípios culturais e biológicos. Assim, ele desafia os preceitos freudianos, que destacam somente a esfera do inconsciente.Além de clinicar, ele também atuava como professor universitário nos EUA e no México. Suas obras abordam continuamente as questões ligadas à violência, aos regimes totalitários, à alienação social, ao humanismo. Seu ponto de vista humanista cativou profissionais do campo da Sociologia, da Filosofia e da Teologia.
Erich Fromm sempre se insurgiu contra o mecanicismo que impregna as relações sociais e econômicas do mundo contemporâneo, regido por um capitalismo desumano e cruel. Influenciado profundamente pela obra de Karl Marx, ele faz uma analogia entre os conceitos marxistas e os freudianos, tentando estabelecer entre ambos uma relação dialética, à procura de uma síntese destas idéias. Ele privilegia, porém, a teoria de Marx, valendo-se de Freud apenas para completar alguns pontos não explicados pelo marxismo. Este pensador gera, assim, uma espécie de humanismo espiritual, social e também dialético.
Segundo Erich Fromm, o indivíduo cultivou interiormente sentimentos de desamparo e solidão, pois perdeu o contato com sua dimensão mais humana, deixou de ampliar suas virtudes, e assim tornou-se incapaz de interagir com os mesmos aspectos essenciais das outras pessoas. É a este processo que ele chama de alienação social, oculta por trás das personas de cada um, mas mesmo assim capaz de exercer um impacto sinistro sobre a Humanidade.
Ao mesmo tempo em que o homem avança materialmente, ele se aparta cada vez mais dos outros seres, é o que Erich Fromm expõe em sua obra Medo da Liberdade. Desta forma, a liberdade tão almejada torna-se uma armadilha assustadora da qual ele tenta fugir através da conquista de recursos financeiros e da guerra pelo poder, por meio de uma passividade absoluta diante do autoritarismo, ou ainda pelas vias do conformismo social. Assim, o homem pode fingir que possui alguma coisa, ou que é propriedade de alguém, pois desta maneira sente que não está sozinho. O psicanalista acredita que a aceitação do outro e de seu tesouro interior, a prática da solidariedade e do trabalho em conjunto, o exercício da fraternidade e a instituição do conforto social podem oferecer à Humanidade uma saída viável para esta trágica situação criada pelo próprio Homem.
Erich Fromm morre em Muralto, na Suíça, a 18 de março de 1980.
Mais informações »

Adaptação do marxismo ao período imperialista.

Lenin
Karl Marx defendia a revolução do proletariado contra a burguesia, a tomada do poder e a construção de uma sociedade socialista. Marx dizia que isto só seria possível em um país onde o capitalismo já estivesse em um estágio avançado e onde o operariado, trabalhadores da indústria, tivesse uma mentalidade revolucionária. Essas concepções vinham do fato de que apenas num país onde o proletariado adquirisse uma consciência revolucionária, poderia-se concretizar o levante que criaria a ditadura do proletariado.
A Segunda Internacional, organização herdeira do marxismo e liderada por Karl Kautsky, defendia uma linha economicista, na qual a contínua luta da classe trabalhadora por melhores salários e condições de trabalho levá-los-ia a uma consciência revolucionária. Para os países atrasados, o kautskismo defendia o etapismo, no qual uma revolução liderada pela burguesia nacional, estabeleceria a condição prévia para uma revolução proletária num futuro incerto.
A formulação de Lenin das leis do período histórico do imperialismo, no qual a maioria dos países são explorados por alguns poucos (imperialistas), combate essa concepção de evolução capitalista igual de todos os países do mundo. Este pensamento está expresso principalmente no livro Imperialismo: Fase Superior do Capitalismo. Para ele, essa linha não se aplicaria aos países de industrialização tardia, onde apenas o proletariado poderia cumprir as tarefas antes designadas como da revolução burguesa, como a reforma agrária, o fim do imperialismo, as condições básicas de educação, saúde, etc. Da mesma forma, combatia a visão da social democracia, na qual a rotina da classe operária em suas lutas econômicas poderia determinar uma consciência revolucionária de maneira objetiva. Para Lenin, adquirir essa consciência revolucionária dependia de um fator subjetivo, a intervenção do partido revolucionário nas massas.
De certa forma, Lenin resolve um problema que Marx deixa em aberto. No modo de produção capitalista, a classe trabalhadora é condicionada a uma progressiva alienação de suas potencialidades, tanto pelo papel no qual é forçada a se enquadrar no trabalho (alienação do trabalho intelectual), quanto pelos meios de comunicação, pelas religiões, etc. Um partido composto por toda a classe trabalhadora, no formato dos partidos da Segunda Internacional, tendia, em momentos de contra-revolução, a adquirir um caráter rebaixado, que reproduzia a alienação de grande parte da classe. Foi o que aconteceu na Primeira Guerra Mundial, na qual todos os partidos social-democratas da europa se voltaram para o campo nacional para apoiar suas burguesias, esquecendo-se do internacionalismo operário e caindo num nacionalismo chauvinista típico de uma influência burguesa na classe operária.
A solução de Lenin foi a constituição de um partido centralizado, baseado na defesa de um programa revolucionário, no qual só seria permitida a entrada mediante concordância básica com esse programa e captação para o partido apenas dos elementos mais avançados da classe trabalhadora e da vanguarda que a compõe. Esse centralismo deveria se refletir em todas as intervenções públicas externas deste partido. Apesar de parecer restritivo e anti-democrático, o centralismo se contrapunha com uma característica interna democrática, na qual a disputa entre diferentes tendências era livre pelo controle da linha geral do partido em seus congressos, fóruns e plenárias. Uma vez decidida a posição de maioria dentro do partido, entretanto, todos os seus membros (mesmo os de minoria) devem defender publicamente apenas a concepção dominante. Esse tipo de funcionamento é aquele que serve para melhor combater a influência de ideologias burguesas e pequeno-burguesas entre a classe operária, evitando conflitos de pontos de vista partidários fora dos fóruns do partido.
Como na maioria dos períodos anteriores à Revolução este partido não representaria a opinião da maior parte da classe operária e seria composto sempre por uma ínfima parcela desta, era necessário intervir em inúmeros meios de debate, lutas por reformas e outras oportunidades que possibilitasem ao partido influenciar a consciência das classe para a Revolução. Essa tática ganhou o nome de frente única e geralmente reúne tanto o partido revolucionário quanto os partidos reformistas como os da social-democracia. Nesses campos, o partido leninista disputa a liderança dos trabalhadores com outras linhas políticas, o que também lhe permite recrutar novos membros. Dentre algumas frentes únicas estão os sindicatos, as eleições do Estado burguês e mesmo os sovietes(conselhos operários) que em momentos revolucionários são a forma operária de exercer o poder de Estado.
Mais informações »

Como a Mídia nos Oprime, Manipula e Doutrina em dez passos


1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas
distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.
2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.
3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.
5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.
6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…
7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.
8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto
9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!
10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.
Mais informações »

Marionetes do Estado..

Foi o sociólogo alemão Max Weber quem definiu o monopólio legal da violência como uma das prerrogativas do Estado Moderno. De sua época para cá, a sociedade passou a distinguir uma violência ilegal, antisocial e desumana, de uma outra: a violência institucional praticada pelos agentes do Poder Público com o objetivo de proteger a vida, a liberdade e a propriedade dos cidadãos. A mídia e os meios de comunicação em geral contribuiram na catequese das pessoas - para aceitação dessa violência oficial - ao separar nos movimentos sociais o que chamam de manifestações pacíficas e democráticas, das manifestações de vandalismo, de baderna e destruição da propriedade pública e particular.
Aos olhos dessa imprensa, a primeira é legítima e aceitável; a segunda ilegítima e condenável. Foi um longo trabalho de persuação dos cidadãos para aceitarem de bom grado o exercício da violência pelo Estado, contra os out ros, aqueles que por algum motivo não gostamos ou nos ameaçam. Nunca contra nós mesmos ou a nossa família e os nosso amigos. Michel Foulcault descreveu essa marcha civilizatória como a disciplinarização da sociedade. O indívíduo disciplinar é aquele que introjeta o princípio da autoridade dentro de si e mesmo que não haja nenhum inspetor de quarteirão por perto, aje como se ele estivesse ali, vigiando ele.


Há quem diga que no Brasil, não existe em sua plenitude esse individuo disciplinar, dada a natureza relacional de nossa cidadania. Estão aí os ensaios da dialética da malandragem ou da malandragem pragmática para provarem a teoria do Brasil e do cidadão brasileiro. Se não é possível falar da existência entre nós desse cidadão disciplinar, por causa da arraigada herança do patrimonialismo na sociedade brasileira, do Estado com certeza sim. Não há propriamente cidadania entre nós. O que há é uma estadania.

No Brasil, o estado é tudo; a sociedade civil é nada ou quase nada. Assim é muito conveniente para o Estado a criminalização recorrente dos movimentos sociais, sobretudo daqueles que incomodam aos governantes de turno. Como dizia Washington Luis no Brasil "a questão social é um caso de polícia"! Foi preciso Getúlia Vargas inventar "a cidadania regulada" da carteira de trabalho, para reconhecer a quest ão social como uma questão do Estado, não da polícia civil, militar e da polícia política.


Pois, eis que diante desse arrazoado, as funções da Polícia de Pernambuco - competentemente assessorada por membros da academia - passou ela a definir - segundo a sua inteligência - que movimentos e manifestações sociais são legítimas, democráticas e aceitáveis e quais não são!. As que julga como aceitáveis protege e promove como modelo de participação social - dando a idéia da paz social no estado de Pernambuco, sob as benção do Imperador -as que julga ilegais, amorais e ilegítimas e passíveis de repressão policial. Foi o que aconteceu com as recentes passeatas em nossa cidade e nosso Estado. Muito longe da imagem de paz, amor e concórdia que a mídia regional pretendeu passar para os incautos e desavisados, houve muita violência, abuso, desrrespeito ao direito de expressão e manifestação dos cidadãos. A Polícia Civil - que é uma polícia judiciária - cometeu abusos injustificáveis contra militantes estudantis, prendendo, submetendo a constrangimentos ilegais esses jovens. A Polícia Militar foi além, infiltrando-se nos movimentos -sabe-se lá com que objetivo. Por que não se acaba com essa corporação, criada nos tempos da Ditadura Militar? - Ela é um resquício do que há de mais tenebroso dos regimes ditatoriais.

Como diziam "Os Titãs": Polícia, para quem precisa de Polícia". O aparelho repressivo de Estado é em si mesmo causa da violência, alimenta a violência. Ninguém se iluda que a Polícia vem acabar com a violência; ela só ajuda a reproduzí-la e a alimentar interesses que estão longe do Estado Democrático de Direito. Não é atoa que todos os movimentos e pensadores anarquistas - desde Kropotkin até Tostoi - foram contra a Polícia. Eles sabiam da incompatibilidade entre o poder de Polícia e a Liberdade.
Mais informações »

O marxismo !


 O marxismo  é uma teoria social, política, social, sendo que, pela sua amplitude, pode ser considerado uma concepção de mundo. O marxismo foi formulado a partir do materialismo moderno por Karl Marx  (1818 – 1883) e seu colaborador, Friedrich Engels (1820 – 1895). Foram eles que sistematizam os diferentes aspectos, históricos, econômicos e sociais da então nova concepção de mundo, também conhecido como materialismo histórico. Marx e Engels sistematizaram também como seriam esses mesmos aspectos sob outra concepção de mundo: a capitalista.

No centro da teoria marxista encontra-se o trabalho que, pra ele, seria a expressão da vida humana, por meio da qual é alterada a relação do homem com a natureza. Enfim, através do trabalho o homem transforma a si mesmo.
Desde jovem, Marx se preocupava com a exploração do trabalho do homem, que não sente prazer em trabalhar, submetendo-se a tal para garantir sua sobrevivência. Já naquela época, Marx percebia que o resultado do trabalho acaba, em sua maior parte, nas mãos dos donos do capital.
Sua vida foi dedicada a buscar uma solução para que a situação de exploração, de alienação da maioria chegasse ao fim. Na busca por esta resposta, analisou de forma metódica e científica toda a trajetória da humanidade até a sociedade capitalista, a estrutura dessa sociedade, chamada sociedade de classes. Aliás, segundo Marx, a luta de classes é o motor da história.
A teoria de Marx, em suma, indicava uma nova sociedade, na qual todos os homens tivessem a possibilidade de desenvolver seu potencial de forma plena, em diferentes aspectos, fazendo do ser humano um ser integral.
Cabe então, diferenciar o comunismo do socialismo. Para Marx, uma sociedade socialista seria o primeiro passo em direção ao comunismo, seu ideal. Ao escrever o Manifesto Comunista, Marx optou por usar o termo “comunista” pelo fato do título socialismo ser utilizado por outro conjunto de doutrinas (utópicos, cooperativistas) embora, mais tarde, tenha usado ambos os termos.
Após a I Guerra Mundial, a diferença entre os movimentos socialista e comunista aumentou cada vez mais.
Em sua obra mais importante, O Capital, Karl Marx descreve como funciona a sociedade capitalista. É nessa obra que trata o conceito de valor ou mais valia, que é a diferença entre o que o operário recebe (salário) e o que produziu efetivamente.
Mais informações »

"O comunista, quanto a si, não se interroga sobre se a sua ação é "indispensável" ou "inútil". Já não pode viver na sociedade atual, compreende que uma solução individual seria simplesmente ilusória e identifica-se com o movimento comunista"(Barrot, 1977, p.154).

Mais informações »
A democracia é um sistema político volátil, pode ser qualquer coisa, e ser nada ao mesmo tempo, basta controlar a informação. A democracia pode ser puritana e sagrada ao mesmo tempo que cala, mata e oprime. A democracia nos diz que temos o direito de lutarmos por direitos por meio de direitos legalmente constituídos na constituição brasileira. Na verdade, temos um único direito, votar naqueles que melhor nos excluirão da partilha de direitos.
Mais informações »

É preciso quebrar o Relógio....

Precisamos destruir de vez o Relógio;
Este César sanguinário;
Monstro voraz e desumano,
Destruidor de tudo e de todos.
Quebremos para sempre 
Este maldito ídolo metálico!
Antes que ele nos devore.



É preciso quebrar o Relógio....
Mais informações »

A essência do trabalho assalariado





“... O processo de produção se inicia com a compra da força de trabalho por determinado tempo e esse começo se renova sempre que se extingue o prazo estipulado, tendo decorrido assim determinado período de produção, semana, mês, etc. Mas, o trabalhador só é pago depois de ter empregado sua força de trabalho e depois de se terem materializado nas mercadorias o valor dessa força e a mais valia. Assim, produziu ele a mais valia, provisoriamente considerada o fundo de consumo do capitalista, além de produzir o fundo para seu próprio pagamento, o capital variável, antes de este chegar às suas mãos sob a forma de salário. E só terá emprego enquanto reproduzir continuamente esse capital variável... O que vai para o trabalhador sob a forma de salário é uma parte do produto por ele constantemente reproduzido. Na verdade, o capitalista paga-lhe em dinheiro, mas esse dinheiro não é mais do que a forma a que se converte o produto do trabalho, ou mais precisamente, uma parte dele. Enquanto o trabalhador transforma meios de produção em produto, seu produto anterior no mercado se transforma em dinheiro. É com o trabalho da semana anterior ou do semestre precedente que se paga o trabalho de hoje ou do semestre em curso. A ilusão gerada pela forma dinheiro desaparece logo que se consideram a classe capitalista e a classe trabalhadora e não o capitalista e o trabalhador isoladamente. A classe capitalista dá constantemente à classe trabalhadora, sob a forma de dinheiro, letras que a habilitam a receber parte do produto que produziu e do qual aquela se apoderou. Mas, o trabalhador devolve continuamente essas letras à classe capitalista, para receber a parte do produto dele mesmo, que lhe é atribuída. A forma mercadoria do produto e a forma dinheiro da mercadoria dissimulam a operação.

O capital variável, portanto, é uma forma histórica particular em que aparece o fundo dos meios de subsistência ou o fundo do trabalho, do qual precisa o trabalhador para manter-se e reproduzir-se e que ele mesmo tem de produzir e reproduzir em todos os sistemas de produção social. Esse fundo flui continuamente para ele sob a forma de meios de pagamento de seu trabalho, pois seu próprio produto se afasta sempre dele sob a forma de capital. Mas, a forma sob que aparece o fundo em nada altera a circunstância de o capitalista antecipar ao trabalhador o que já é na realidade trabalho materializado por este. Vejamos o caso de um camponês no sistema feudal. Trabalha com seus próprios instrumentos de produção, em sua própria terra, digamos, 3 dias por semana. Os outros 3 dias trabalha como servo, na terra senhorial. Reproduz constantemente seu próprio fundo de trabalho, e este nunca assume, para ele, a forma de meio de pagamento desembolsado por outra pessoa, em troca de seu trabalho. Em compensação, seu trabalho compulsório e gratuito nunca toma a forma de trabalho voluntário e pago. Se o senhor se apoderasse do campo, dos animais, sementes, enfim dos meios de produção do servo, daí em diante este teria de vender-lhe a própria força de trabalho. Não se alterando as demais condições, teria de continuar trabalhando 6 dias na semana, 3 dias para si mesmo e 3 dias para o senhor transformado em capitalista. Continuaria utilizando os meios de produção e transferindo seu valor ao produto. Uma parte determinada do produto continuaria sendo utilizada na reprodução. Ao tomar o trabalho de servo a forma de trabalho assalariado, o fundo de trabalho que continua sendo produzido e reproduzido pelo camponês toma a forma de um capital desembolsado em seu favor pelo patrão. O economista burguês cujo cérebro limitado não sabe distinguir entre a forma aparente e o que nela está oculta...”

(MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política – processo de produção do capital – livro 1, vol. 2. 5ª ed. Trad. Reginaldo Sant’Anna. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 660-662 )
Mais informações »
 

Copyright © 2010 Uma Jovem Marxista, All Rights Reserved. Design by DZignine