Émile Henry ..


 Na França, após o esmagamento da Comuna de Paris, em maio de 1871, e com a dissolução, no ano seguinte, da seção francesa da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) os revolucionários são fuzilados, condenados a trabalhos forçados  ou ao exílio. Os poucos que escaparam ao massacre foram empurrados pelo terror de Estado a diversos esconderijos. Anos mais tarde, alguns deles reagrupados na Suíça, entre 1879 e 1880, bradam pela abolição de toda forma de governo, a livre federação de
produtores e consumidores e abandonam o campo da legalidade para atuar em expropriações, ataques às autoridades e praticar atentados à bomba em locais frequentados pela burguesia.
Decididos por esta mudança de tática, os anarquistas associam a divulgação verbal e escrita à propaganda pela ação. Em 1881,  com a Internacional Negra, inicia-se o período conhecido como terror anarquista. Desde então, as receitas de bombas frequentam os jornais operários. 
Os anarco-terroristas afirmaram a propaganda pela ação como resposta ao terror do governo, aos atos de ilegalidade tolerados pela sociedade e praticados pela burguesia. Eles responderam com atentados individuais e atos isolados de vingança por companheiros condenados.O revide dos governos foi julgá-los em encenações preparadas para previsíveis sentenciamentos à morte. Nenhum anarcoterrorista negou seu ato ou clamou por perdão, ao contrário, reafirmou os motivos que o levou a praticá-lo. O início da retração do anarco-terrorismo na França aconteceu a partir de agosto de 1894, depois de um grande processo 

contra os anarquistas. Os atentados individuais não deixaram de acontecer até a ação direta assumir, gradualmente, a forma preponderante de greve geral.
Émile Henry, filho de um communard que fugiu para a Espanha,
foi um jovem diferenciado entre os anarco-terroristas. Era
um estudante da Escola Politécnica, poeta, e pronunciou um
dos mais contundentes discursos anticapitalistas diante de um
tribunal de justiça pronto a condená-lo. Eu, émile henry. resistências. apresenta um jovem anarquista  lançando uma bomba de inversão no Cafe Terminus, em 12 de fevereiro de 1894, na cidade de Paris. A aula-teatro divide-se em: “A bomba”, “O que me leva a jogar a bomba” e “Eu me recuso a ser governado”. O Nu-Sol pretende mostrar um efeito da Comuna de Paris, ocorrida entre março e maio de 1871, no jovem socialismo e, singularmente, em um jovem contestador. Estamos diante da presença do intempestivo na ação direta anarquista: atitude de fazer já.
 Eu, Émile Henry, resistências. mostra a prática pessoal anarcoterrorista como recusa diante da ilusão da utopia e da representação, na passagem do século XIX para o XX, e expõe o terrorismo de Estado.
O terrorismo de Estado, decorrente dos anos imediatos da Revolução Francesa, antecedeu todas as demais formas de terrorismos resistentes à dominação política. No século XX o terrorismo de Estado foi comum ao fascismo e ao socialismo. Os movimentos terroristas oscilaram entre disputas nacionalistas, complementos a regimes totalitários, combates a ditaduras militares e à dominação burguesa. O terrorismo financiado por Estados democráticos capitalistas durante a Guerra Fria, ressurgirá, no início do século XXI, como
terrorismo transterritorial.
Além disso, expõe os limites da esperada pacificação democrática planetária, quando os Estados burgueses democráticos somente se sustentam por meio de dispositivos do Estado de exceção. No mais, sob qualquer forma, miséria é miséria, miséria é propriedade, miséria é Estado, miséria é juízo, miséria é governo em mim.
A aula-teatro 9, que retoma nossa segunda aula-teatro, expõe a dor dos jovens ao descobrir as finalidades da soberania e da disciplina. Retomá-la, nesse momento, é uma das maneiras que o Nu-Sol encontrou para recolocar essa questão para os jovens de hoje. Qual a coragem e disposição para enfrentar e descobrir, hoje, as finalidades do controle?Lembrando os efeitos radicais da inventiva Comuna de Paris, o
Nu-Sol interessa-se por ativar e problematizar resistências.

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